O projeto de lei que proíbe o uso de celulares por estudantes em salas de aula, na rede estadual de ensino, foi aprovado em primeira votação, na sessão plenária da ALMT (Assembleia Legislativa de Mato Grosso), desta quarta-feira (6), em Cuiabá.
Celulares em sala de aula
O projeto havia sido enviado pelo governador Mauro Mendes (União), para a votação na ALMT no dia 25 de setembro deste ano, tendo propostas baseadas em uma pesquisa contratada pela Seduc (Secretaria de Estado de Educação).
Segundo dados da pesquisa, mais de mil pais foram questionados sobre o uso do aparelho em salas e a maioria deles (86%) disse ser a favor da medida de proibição.
O projeto estabelece que, além de celulares, também fica proibido o uso de dispositivos eletrônicos com telas digitais nas salas de aula da rede pública estadual.
Dessa forma, os aparelhos deverão ser guardados desligados ou em modo silencioso, na mochila do estudante. O acesso só será permitido fora dos horários de aula.
Ainda conforme o Governo, o uso de celulares tem atrapalhado a atenção dos jovens e adolescentes em sala. Mas, para manter a tecnologia presente no ensino, a Seduc estaria investindo em novas ferramentas para complementar o aprendizado.
O foco da proposta também seria garantir resultados positivos para a educação de Mato Grosso, que atualmente ocupa a 8ª posição no ranking IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) que mede a qualidade da educação.
Por isso, os únicos dispositivos permitidos em sala serão os disponibilizados pela Secretaria de Educação, como notebooks, Chromebooks e smart TVs – usados como ferramenta pedagógica de ensino.
Agora, o projeto ainda passará por mais uma rodada de votação e, se aprovado, será enviado para sanção de Mauro Mendes.
O que dizem os especialistas? 🔎
Pesquisadores consideram que a questão é um grande desafio atualmente. Uma das saídas, segundo o professor Gilberto Lacerda dos Santos, do Departamento de Educação da UNB (Universidade de Brasília), é o olhar dos professores, focado em dois pontos: garantir o aprendizado em sala, mas lembrar que as tecnologias estão cada vez mais inseridas na sociedade e são “sedutoras” para crianças e jovens.
Outro ponto analisado para essa questão é a formação dos profissionais, para saberem utilizar e lidar com a presença dos aparelhos eletrônicos em sala de aula.
O pesquisador Fábio Campos, do Laboratório de Aprendizagens Transformadoras com Tecnologia, da Universidade de Columbia, nos EUA, afirma que a criação de leis que proíbam o uso de celulares nas escolas não acaba com o problema.
Ele defende que é preciso dar um norte, um caminho aos alunos, para também saberem usar a ferramenta de forma proveitosa.
Segundo a última pesquisa TIC Educação, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, seis em cada 10 escolas de ensino fundamental e médio possuem regras para o uso do telefone celular por alunos, permitindo que o aparelho seja usado apenas em determinados momentos e espaços.
Em 28% das instituições educacionais, o uso do dispositivo pelos estudantes é proibido, como mostra a pesquisa.
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