Importante via que liga Campo Grande ao estado de São Paulo, a BR-262 é parte da chamada Rota da Celulose. Diante de uma rodovia de pista simples com aumento de tráfego, principalmente de veículos pesados, a União deve delegar ao governo de Mato Grosso do Sul a administração do trecho entre Campo Grande e Três Lagoas e também da BR-267 entre Nova Alvorada do Sul e Bataguassu. Duplicação à vista? Sim, mas não na quilometragem almejada. Pedágio à vista? Certamente. (entenda ao longo da reportagem)
Com a delegação, a BR-262 e a BR-267 serão concedidas à iniciativa privada com: MS-040, entre Campo Grande e Santa Rita do Pardo; MS-338, entre Santa Rita do Pardo e entroncamento da MS-395; e MS-395, entre o entroncamento da MS-338 e Bataguassu.
Todo esse pacote de concessão, com prazo de 30 anos, foi denominado Rota da Celulose, com extensão total de 870,4 quilômetros. O projeto é destinado à adequação de capacidade, reabilitação, operação, manutenção e conservação dessas rodovias. A estimativa de investimento é de R$ 8,8 bilhões.
Está certo que, para a concessão ser viabilizada, é necessário que haja o convênio de delegação da titularidade para o governo estadual dos trechos da BR-262 e da BR-267. E isso deve ser concretizado muito em breve, pois além de declarações da ministra Simone Tebet (Planejamento e Orçamento) de que o presidente Lula autorizou a estadualização, o Ministério dos Transportes divulgou que o edital da Rota da Celulose sairá em setembro e que o leilão tem data marcada: 12 de dezembro de 2024.
Paralelamente, a Seilog (Secretaria Estadual de Infraestrutura e Logística) marcou audiência pública, para a próxima sexta-feira (30), para debater o projeto de concessão do sistema rodoviário em questão. Além disso, há uma consulta pública aberta até 6 de setembro para o recebimento de sugestões e contribuições.
Os estudos de viabilidade contratados pelo EPE (Escritório de Parcerias Estratégicas) do governo do estado apontam que serão implantados, na Rota da Celulose, 115 km de duplicações, 457 km de acostamentos, 251 km de terceiras faixas, 12 km de via marginal e 82 dispositivos em nível.
A concessão também inclui a prestação de serviços aos usuários por meio de 49 veículos operacionais, entre eles ambulâncias, socorro mecânico, guinchos, combate a incêndios, desobstrução de pistas e inspeção para controle do tráfego, apreensão de animais silvestres e Postos de Atendimento ao Usuário.
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Delegação da BR-262 para governo de MS deve ter projeto neste semestre
Duplicação da BR-262
Conforme os estudos técnicos do projeto, a BR-262 terá pista dupla em sua totalidade entre Campo Grande (intersecção com a BR-163) e Ribas do Rio Pardo (acesso à Suzano Celulose).
Dos 101,73 quilômetros, a maior parte terá duplicação com canteiro central. Só os 22 quilômetros dentro da capital sul-mato-grossense (antes do cruzamento com a linha férrea) terão duplicação com barreiras de concreto New Jersey.
Ribas do Rio Pardo terá 12,165 quilômetros de contorno rodoviário duplicado, para desviar o trânsito de veículos pesados de dentro da área urbana.
Os outros 69% da BR-262 – 226,47 quilômetros entre Ribas do Rio Pardo e Três Lagoas – receberão 57,57 km de terceira faixa e 21,98 km de acostamentos.
Duplicação da BR-267
Com total de 248,1 quilômetros, o trecho da BR-267 entre a divisa SP-MS e Nova Alvorada do Sul terá apenas 13,5 km de duplicação, em Bataguassu.
Há previsão de implantação de 73,58 km de terceira faixa no restante da rodovia que continuará com pista simples.
MS-040, MS-338 e MS-395
As outras três rodovias que integram a Rota da Celulose – ligação diagonal de 294,1 quilômetros entre Campo Grande e Bataguassu passando por Santa Rita do Pardo – não terão duplicação.
Porém, receberão outros investimentos:
Acostamentos
- 327 km na MS-040;
- 103,62 km na MS-338;
- 2,68 km na MS-395.
Terceira faixa
- 103,78 km na MS-040;
- 14,13 km na MS-338;
- 800 m na MS-395.
Edificações e dispositivos
- 4 postos do Serviço de Atendimento ao Usuário;
- 2 postos da Polícia Militar Rodoviária;
- 1 Posto de Parada e Descanso.
- Viaduto no entroncamento com a BR-163, em Campo Grande.
Pedágio
Para a concessão da Rota da Celulose, deverão ser instalados 14 pórticos de pedágio eletrônico (sistema free flow) em vez de praças físicas de pedágio.
A cobrança na BR-262, na BR-267, na MS-040 e na MS-338 está prevista para começar em 2026, com tarifas que variam de R$ 4,70 a R$ 15,20 no primeiro ano para automóveis (há multiplicador de tarifa conforme classe do veículo). Veja a tabela básica abaixo:
No sistema de pedágio eletrônico, a tarifa poderá ser paga de duas formas:
- Leitura de etiqueta eletrônica (Tag): o usuário-consumidor poderá adquirir a etiqueta eletrônica para pagamento da tarifa de pedágio com possibilidade de desconto gradual de acordo com a frequência do uso;
- Leitura da placa do veículo: após passar pelo pórtico, o usuário-consumidor deverá procurar a concessionária, em até 15 dias, pelos canais de atendimento, para efetuar o pagamento da tarifa de pedágio de modo a não configurar evasão de pedágio.