Ele nos deixou na semana passada, aos 80 anos. Era uma pessoa atemporal. Em qualquer idade seria contemporâneo. Nada mais difícil do que ser contemporâneo a qualquer idade.
Não poderia jamais deixar de prestar a minha homenagem de lembrança ao amigo que partiu pra outras contemporaneidades.
Conheci-o quando cheguei a Mato Grosso em 1976. Ambos tínhamos 32 anos. Mas ele já trazia uma carreira política iniciada como chefe da Casa Civil do governador José Fragelli, até 1975. Naquele momento que o conheci presidia a Cia. Mato-grossense de Mineração – Metamat, no governo Garcia Neto.
Dali em diante a nossa convivência foi no mundo privado ao qual ele e dedicou. Fundou a segunda agência de publicidade, a MCA Publicidade onde faz nascerem grandes profissionais que estruturaram a publicidade em Mato Grosso. Para outros mais jovens da geração seguinte, foi inspirador.
No governo Júlio Campos, de 1983 a 1986, convivemos profissionalmente. Ele como secretário de Comunicação Social, e eu como editor da revista Contato. Ele provocou a revista a acompanhar e registrar para a História, como dizia, grandes obras da época, como o programa Polonoroeste, na grande região de Cáceres. Era um programa voltado pra preparar a região, que era muito grande e muito pouco desenvolvida, pra enfrentar os impactos da pavimentação da rodovia Cuiabá-Porto Velho.
A abertura da rodovia MT-170 entre Tangará da Serra e Juína no meio da mata amazônica braba. Outra grande obra que ele solicitou à revista Contato, foi acompanhar a pavimentação da rodovia BR-163, a Cuiabá-Santarém, uma aventura dentro da Amazônia. A pouca população mato-grossense da época não fazia ideia da grandeza do que estava sendo construído. Por isso Mauro Cid teve a visão e me impôs o desafio. Longuíssima e sofridas viagens nos carros desconfortáveis da época. Vivi e registrei uma história magnífica!
Tivemos grande conversas pra estabelecer o planejamento do projeto. Viajei o norte, o noroeste, o sul e o leste de Mato Grosso durante meses pra cumprir a missão que ele me desafiou.
Pessoa de relacionamento fácil, nunca levantava a voz e nem se metia em discussões longas. Era rápido e despachado. No marketing político vi uma reação dele diante de um candidato a senador teimoso e mais interessado na opinião de terceiros do que nas orientações da publicidade. Mauro ouviu-o, ouviu e ouviu em silêncio. E resolveu a questão: “então faz do seu jeito e boa sorte”. Ganhou a discussão. O tal voltou atrás. Ah. E se elegeu.
Junto com o amigo Mauro Cid foi-se uma parte relevante da História desse Mato Grosso dos últimos 50 anos, período extremamente audacioso, quando saiu do seu passado e jogou-se com tanta força no presente e no futuro. Mauro foi e será sempre uma dessas pessoas essenciais. Atemporal!
Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
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